quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Venda de chapéus persiste





Comércio está em Belo Horizonte há 57 anos.

Michele Amaral

Tancredo Neves e seu neto Aécio, Murilo Badaró, Gustavo Capanema, Aureliano Chaves, Vivaldi Moreira, Danilo Gomes, Newton Cardoso e Sérgio Reis. Esses são alguns que já usaram chapéu comprado com o Sr. Elias, na loja tombada como patrimônio histórico municipal situada na Av. Amazonas, 950, em frente ao Mercado Central de Belo Horizonte.
Libanês de sangue e mineiro de coração e prosa, Elias Ishac Joukhadar chegou ao Brasil com 16 anos. Sem falar português, começou a trabalhar em uma loja de aviamentos, onde aprendeu um pouco da língua. Dois anos mais tarde, em 1952, ele abre seu comércio que entraria para história mineira.
Tudo começou com a venda de tecidos. Os chapéus surgiram por acaso, em 1956: “Um amigo meu ofereceu me passar, sem compromisso, duas dúzias de chapéus, e aí de repente a venda explodiu. Hoje, eu não sei exatamente, mas acredito estar entre os três primeiros no Brasil em vendas de chapéus”, conta Elias.
A Casa Cabana vende também boinas, cintos, malas, mas são os chapéus que representam a maior parte das vendas. “Tenho clientes fiéis pelo Brasil, que ligam, fazem a encomenda e recebem a mercadoria pelo correio”, fala o comerciante.
“Eu sempre passo aqui, seja pra comprar meu chapéu ou pra prosear com o Elias”, diz Antônio Silva.
Elias diz que nem mesmo a crise econômica mundial afetou seu comércio. “A receita do sucesso está em três pilares: tradição, atendimento personalizado e estoque”, ressalta.
Há 59 anos em Belo Horizonte, possui seis filhos e diz que “a história não pode parar”. Por isso, sua filha Soraya Elias Joukhadar pretende dar continuidade à tradição.
“Meu pai trazia a gente pra cá com 8 anos, pra valorizarmos isso aqui. Hoje eu ajudo a cuidar de tudo, é muita responsabilidade”, diz Soraya.
Elias conta que daqui dois anos vai deixar tudo nas mãos da filha, para descansar. “Ele fala isso há muito tempo, mas ele não consegue não. Tem vinte anos
que estou aqui com ele, mas não adianta, ele ama isso aqui”, conta Soraya.

ORGULHO

Elias Joukhadar sente orgulho de fazer parte da história de Belo Horizonte, tendo seus chapéus imortalizados pela mini-série Hilda Furacão e por tantas personalidades.
“Tenho muito orgulho de ter como cliente o cantor Sérgio Reis. Ele de vez em quando vem aqui e dá até fila para autógrafo. Ele senta, conversa e compra chapéu e cinto com fivela”, relata.
O comerciante diz que está esperando uma nova visita do cantor “Ele deve vir pra política mineira, aí ele deve aparecer”, comenta Elias.

Nenhum comentário: