Era uma vez um menino excepcionalmente talentoso para o futebol. Ele
teve rápida ascensão, de craque do seu time para craque da seleção
brasileira, daí pra herói nacional, de herói a símbolo sexual e de
símbolo sexual a garoto propaganda de todos os produtos imagináveis,
associados ou não ao esporte." Foi assim que Maria Rita Kehl, no livro
Videologias, define o início da história de Ronaldo, personagem
reflexo da mídia. Após comentar o status que o jogador adiquire com o
contrato da Nike, a autora lembra outro momento do jogador: " No jogo
decisivo da Copa de 1998, sobrecarregado com o peso do logotipo
milionário em sua camiseta,(...) Ronaldinho não conseguiu envitar que
sua humanidade se manifestasse. (...) Uma outra imagem então, não de
herói e sim de clown, atrapalhado com as próprias pernas, foi
transmitida para o mundo todo, entrando via satélite em milhões de
salas de milhões de fãs confusos." Depois de tudo isso, Ronaldo voltou
a ser aclamado e hoje é novamente vaiado. A travesti envolvida nesse
último escândalo ganhou um filme pornô e Ronaldo se vê novamente
diante de mais um desafio: refazer sua imagem. É possível?
Para mídia tudo é possível, nela tudo acontece na velocidade da luz.
Se for interesse mercadológico, tudo vale a pena. Até o escândalo é
usado, os envolvidos tornam-se produto deles mesmos.É o que diz Kel:
"como se estes sujeitos ditos privilegiados não fossem pobres diabos,
vendedores de força de trabalho, assim comoa maioria de seus fãs" ou
ainda como diz Guy Debord: " O homem cuja vida se banaliza precisa se
fazer representar espetaculamente." Aí entramos na discussão de
Adorno: algo foge da estética de indústria cultural, ou ainda vivemos
apenas no Simulacro, como questiona Baedrillard?
terça-feira, 20 de maio de 2008
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