Jeitinho brasileiro.
"Exonerada volta sem concurso", este é o título da matéria publicada hoje no jornal Estado de Minas, na primeira página do caderno Política.
A matéria relata que após um mês da demissão, por nepotismo, do Tribunal de Contas do Estado, Aline Riera Toledo, filha do conselheiro do TCE Simão Pedro Toledo foi mais uma vez contratada sem concurso público, agora para a Assembléia Legislativa de Minas Gerais.
Ao ler a matéria questiono vários pontos que vão desde a questão do nepotismo em si, a maneira que este fato é tratado pela imprensa, até a questão do jeitinho brasileiro, que continua sendo uma marca da nossa malandragem que escapa a imagem do sambista tranquilo de terno e chapéu brancos.
Sem intensão de fugir da polêmica, deixo a discussão do nepotismo para outro momento.
Quanto a abordagem midiática do assunto deixo para intensão de outros textos no meu blog.
Aproveito aqui a discussão deste último tema, não por ser mais brando (pois não é), mas simplesmente por preocupar-me profundamente com a proximidade do dia 5 de outubro.
Roberto da Mata, em seu livro "O que faz do Brasil, brasil?' diz que legitimamos muitas vezes o que é ilegal, pois nossa unidade coercitiva é inadequada para nossa realidade individual: somos uma Belíndia, (temos as leis e impostos da Bélgica, realidade social da Índia). Por isso achamos natural o dinheiro e o status social serem o passaporte primordial de entrada seja no cinema, hotel, aeroporto ou mesmo para a "fuga" da prisão. Temos a visão marqueteira de que que cada cliente tem o que merece e por isso legitimamos a busca desenfreada para merecermos mais. Assim, achamos interessante votar não em que achamos mais competente e sim naquele que possui maior probabilidade de me arrumar um emprego nos órgãos públicos.
E o nepotismo?
E o ofício de Garibaldi enviado aos senadores cobrando a demissão dos familiares contratados até dia 10 de outubro? E o papel do Ministério Público de punir os casos "teimosos"?
Pois é ... é o jeitinho!
OBS>: dia 25 de setembro... a referida foi exonerada novamente, segundo o mesmo jornal
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
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